sexta-feira, 20 de maio de 2005

Astronomia e Terrorismo

Àquilo que hoje se significa por terrorismo já muitos de nós teremos devotado um pensamento, uma acção, uma palavra, um sentimento.
A Astronomia sofre igualmente os efeitos deste movimento secularmente reactivado.

A revista norte-americana Sky&Telescope na sua edição de Junho e num artigo do seu editor chefe, fala-nos do processo, para eventual prisão, de que foi alvo um astrónomo amador que, a 4 de Janeiro passado, sob os céus de New Jersey, usava um laser de cor verde.

Estes dispositivos, com uma potência relativamente baixa, mas suficiente para a curta distância e certo ângulo, encadearem momentâneamente os olhos de quem para eles olhar directamente, contudo sem outro dano perene lhes infligir, são utilizados pelos astrónomos amadores na observação do céu, servindo de faróis apontadores na busca de objectos, na delimitação das fronteiras das constelações, como “ponteiros” de objectos em sessões públicas, etc.

Ora, estava o nosso amigo americano muito entretido com o seu laser, em companhia de um filho a quem explicava os encantos do céu, quando é detido por uma patrulha policial no seguimento de uma denúncia de piloto privado, queixoso de ter sido encadeado quando, no interior da sua aeronave, fazia o seu trajecto de aproximação ao aeroporto da cidade.

Independentemente de muitas outras considerações e especulações que se possam fazer agora, a verdade é que esta situação iniciou uma campanha nos media sobre o assunto.
Com a opinião pública a tornar-se voz uníssona na sua condenação, ao “colar” a questão à possibilidade do uso destes dispositivos no abate terrorista de aviões, possibilidade de resto astronomicamente improvável com dispositivos deste calibre, as restrições legais em estudo serão, digo eu, de menor efeito do que aquelas que a indução do medo e a amplificação da paranóia propiciam.

O Tempo não nos deixa isolados das realidades que construímos distraídos no nosso quotidiano.

A Astronomia, mesmo que seja o refúgio romântico do stress diário, concerteza que não passará incólume aos tempos de perturbação e desnorte que vivemos.

Deveríamos antes atender ao testemunho de Giordano Bruno e manter os pressupostos das convicções? Ou, então, manter os “tubos ópticos” enterrados na “abóboda celeste”?
Não tenho a certeza que possamos escapar como o fez Galileu.

 
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