domingo, 28 de agosto de 2005

A Cratera Tycho em 20050824


No passado dia 24 de Agosto, e no local de observação em que me encontrava, Arcos de Valdevez, as condições atmosféricas não eram as melhores devido aos vários incêndios que afectaram também o Distrito de Viana do Castelo.
Apesar disto, resolvi montar o LX90 para fazer uns avi’s e tirar uns bonecos da Lua. O resultado mais notável dessa noite foi a foto, como se pode ver nada extraordinária, mas que anexo e sobre a qual este texto vos dará conta do que nela encontrei.

A formação mais proeminente, no topo central da foto, é a Cratera Tycho.
Embora com um diâmetro médio de 85km e uma profundidade de cerca de 4800m, é possível ser observada a olho nú e revela os seus detalhes mais evidentes logo quando observada com uns binóculos de 50mm de abertura.
Face ao conhecimento geológico que possuímos sobre a Lua, Tycho será uma cratera muito jovem na morfologia lunar. Estima-se em 100 milhões de anos a sua formação.

Um dos aspectos através dos quais poderemos avaliar, embora de forma muito pouco rigorosa, a “idade” das formações lunares é observar detalhes que possam ser relacionados com um tempo posterior ao da formação. Por exemplo, se numa cratera observamos outras crateras, se estas crateras “secundárias” apresentam ainda outras crateras sobrepostas, se as paredes estão aparentemente “intactas” e não erodidas ou submersas, total ou parcialmente, por outros materiais ou crateras, se os picos centrais surgem notoriamente formados ou derrocados.
Claro, convém não esquecer que a distância que nos separa é sempre muito próxima dos 400mil quilómetros e juntando o efeito da iluminação/sombra, e qualquer que seja a abertura do nosso instrumento de observação, estes aspectos de detalhe terão de ser sempre analisados com tempo, confirmados posteriormente, e melhorados com o recurso a imagens fotográficas de que não só as missões da NASA são recurso.
Assim, noutras condições de iluminação e captação, a Cratera Tycho surge mais majestosa e detalhadamente dramática, tal como nesta foto de
Steve Massey


Outro aspecto interessante recolhido na primeira foto, é o sistema de raios que têm origem em Tycho.
Na superfície lunar existem várias crateras com “ramalhetes” de raios de extensão e largura variável. Muitos deles visíveis a olho nú em noites de límpida lua cheia, como será o caso da nossa cratera Tycho mas também de Copérnico, têm na sua origem a velocidade de impacto e sobretudo a composição do solo nesse ponto e em redor, como resultado dos materiais ejectados a longa distância. Note-se que os efeitos do impacto que deu origem à cratera Tycho prolongam-se por mais cerca de 150km de que o sistema de raios decorrente é testemunho.

Outro aspecto ainda interessante na foto do dia 24 de Agosto, no canto inferior esquerdo, é a captação de parte da complexa Cratera Deslandres.
Esta Cratera com cerca de 4 a 5 mil milhões de anos encontra-se já bastante afectada por posteriores impactos, estando as suas paredes marcadas por outras crateras.

Resta ainda dizer que a foto é uma composição de duas fotos, uma colorida e na qual o canal verde foi sobrevalorizado, a outra a preto e branco, ambas tiradas de dois avi’s de 30’, 10 fotogramas por segundo, com uma exposição de 1/33 e baixo ganho. O Norte está para cima.

 
Best Free Hit Counters
Backpackers Insurance
Backpackers Insurance