terça-feira, 31 de maio de 2005

Encontros de Astronomia Amadora

Com o amenizar das temperaturas começam a surgir os Encontros de Astrónomos Amadores.

Desde já, e a Norte, o Núcleo de Mira da Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores vai realizar o Astromira 2005.

O evento terá lugar na Escola Secundária de Mira, no próximo sábado, dia 4 de Junho, e o programa é o seguinte:

15h00 – Abertura
15h30 – Início das Palestras

15h30 - ASTROEMIR – Brincar com o Cosmos
15h45 – Maria Natália – O Ensino da Astronomia nas Ciências
16h45 – Intervalo
17h00 – Rosa Doran – Os Universos de Einstein
18h00 – Inicio das Observações Solares – Observatório Astronómico ou, em alternativa Passeio Turístico pelo Concelho

19h30 – Jantar na Cantina da Escola
21h00 – Sarau Musical com a Orquestra Ligeira da Banda Filarmónica Ressurreição de Mira
21.30h – Inicio das observações nocturnas

Mais a Sul, em Lisboa, no Parque Eduardo VII, junto à Feira do Livro, e também neste sábado 4 de Junho, a partir das 14h30, o Clube Astronómico CA2000, a União de Astronomia e Astrofísica e o NÚCLIO, organizam o 4º Encontro Solar de Lisboa.
Observação de Manchas Solares, grânulos, filamentos, estudo de fotografias ali obtidas e a partilha de informações e convívio serão o mote.

Mas haverá mais …


http://observatorio-mira.planetaclix.pt/
http://www.ca2000pt.com/index1.htm
http://astronomiapt.org/.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Astronomia e Terrorismo

Àquilo que hoje se significa por terrorismo já muitos de nós teremos devotado um pensamento, uma acção, uma palavra, um sentimento.
A Astronomia sofre igualmente os efeitos deste movimento secularmente reactivado.

A revista norte-americana Sky&Telescope na sua edição de Junho e num artigo do seu editor chefe, fala-nos do processo, para eventual prisão, de que foi alvo um astrónomo amador que, a 4 de Janeiro passado, sob os céus de New Jersey, usava um laser de cor verde.

Estes dispositivos, com uma potência relativamente baixa, mas suficiente para a curta distância e certo ângulo, encadearem momentâneamente os olhos de quem para eles olhar directamente, contudo sem outro dano perene lhes infligir, são utilizados pelos astrónomos amadores na observação do céu, servindo de faróis apontadores na busca de objectos, na delimitação das fronteiras das constelações, como “ponteiros” de objectos em sessões públicas, etc.

Ora, estava o nosso amigo americano muito entretido com o seu laser, em companhia de um filho a quem explicava os encantos do céu, quando é detido por uma patrulha policial no seguimento de uma denúncia de piloto privado, queixoso de ter sido encadeado quando, no interior da sua aeronave, fazia o seu trajecto de aproximação ao aeroporto da cidade.

Independentemente de muitas outras considerações e especulações que se possam fazer agora, a verdade é que esta situação iniciou uma campanha nos media sobre o assunto.
Com a opinião pública a tornar-se voz uníssona na sua condenação, ao “colar” a questão à possibilidade do uso destes dispositivos no abate terrorista de aviões, possibilidade de resto astronomicamente improvável com dispositivos deste calibre, as restrições legais em estudo serão, digo eu, de menor efeito do que aquelas que a indução do medo e a amplificação da paranóia propiciam.

O Tempo não nos deixa isolados das realidades que construímos distraídos no nosso quotidiano.

A Astronomia, mesmo que seja o refúgio romântico do stress diário, concerteza que não passará incólume aos tempos de perturbação e desnorte que vivemos.

Deveríamos antes atender ao testemunho de Giordano Bruno e manter os pressupostos das convicções? Ou, então, manter os “tubos ópticos” enterrados na “abóboda celeste”?
Não tenho a certeza que possamos escapar como o fez Galileu.

segunda-feira, 9 de maio de 2005

Primeira Observação no Pação

O meu actual Local de Observação fica situado a uma Latitude de 41,85º Norte e 8,41º Oeste de Longitude.
Para chegarem lá melhor direi que fica situado no Alto Minho.
As suas condições não são excelentes, pois tem alguma poluição luminosa proporcionada por uma cidade pequena localizada a 10km e dois postes de iluminação pública, que evito escondendo-me atrás das oliveiras.
As oliveiras também me tiram alguns graus de céu a Este e a Oeste e para Norte tenho a encosta de um monte elevado.
Contudo, é possível obter uma janela de céu em cerca de 145º em altura e uns generosos 210º em azimute. O meu horizonte deverá iniciar-se depois dos 10º.
Durante o dia é muito bonito, pois fica a meio de uma encosta escarpada e pela frente tenho o panorama de um vale muito cavado e mais montes … tudo muito verde.

Na noite de 7 de Maio realizei a primeira observação no Pação.
O céu estava com enevoado mas com algumas abertas que permitiram as tão ansiadas espreitadelas. Esta foi só a minha 3ª observação telescópica deste ano.
Rapidamente o LX90 ficou alinhado e a seguir a estrela Arcturus no Boieiro.
Comecei por Júpiter no regaço da Virgem. Os quatro satélites estavam em linha: Ganimedes e Europa à esquerda, Júpiter ao centro, depois Io e mais distante Calisto, ambos à direita.

Voltei a Arcturus e depois vaguei pelas estrelas de Boieiro. Voltei a Virgo e encontrei Porrima um pouco acima de Júpiter.
A seguir decidi-me por M51, mas surgiu muito ténue. A transparência do céu não era grande devido à forte humidade transmitida pelas núvens. Contudo, era ainda possível vislumbrar o centro de ambos as Galáxias em colisão. Ficaria para mais tarde.
Um dos objectos do céu profundo que mais gosto é de M13. O seu esplendor surgiu na ocular de 26mm que dava uma amplificação de 77x. Como sempre uma visão extraordinária, mas desta vez foi possível destacar as estrelas mais brilhantes e constatar a sua dispersão e sobreposição no enxame. Com a ajuda da ocular de 15mm (133x) consegui melhorar os detalhes e o feérico espectáculo tornou-se excepcional.

Depois passei a M92 também em Hércules. Não sendo tão extenso e brilhante como o seu vizinho anterior, não deixa de ser um objecto igualmente interessante.
Com uma magnitude 6.4 e uma extensão de 12.2’, M13 tem 5,8m e 23,2’, mostrou-se compacto, luminoso e circundado por um halo de luz maravilhoso.

Voltei a Júpiter. Os satélites mantinham-se sensivelmente na mesma posição. A grande mancha vermelha iria fazer a sua aparição nesta madrugada, mas não iria esperar por ela.

Virei-me para a Constelação de Libra e detive-me em Vega. Naturalmente a Nebulosa Planetária do Anel, M57, com uma dimensão de 1,2’ e 9,7 de magnitude, demorou-me o olhar. Não, não foi possível ver a estrela central. Somente com um telescópio de maior abertura e melhores condições atmosféricas.

Voltei a M51, a Galáxia do Redemoinho, nos Cães de Caça. Agora as condições atmosféricas pareciam estar um pouco melhores e foi possível vislumbrar os braços do sistema. Terá sido mesmo assim ou foi sugestão? Talvez, a verdade é que as núvens voltaram para antecipar o fim da observação.

Enfim, encerrei a observação pelas 00H30.
Fiquei de avaliar a magnitude limite do local noutra noite.

 
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